O instituto brasileiro de turismo Embratur enviou um pedido à Funai, organização que defende os direitos indígenas no país, para encerrar o processo de demarcação de uma reserva indígena na Bahia, para assim viabilizar a construção de um hotel do grupo português Vila Galé. A solicitação oficial, a que o portal de jornalismo de investigação “The Intercept” teve acesso, é assinada pelo presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, e tem data de 26 de Julho.
“A Embratur vem à presença de vossa Senhoria [Marcelo Augusto Xavier, presidente da Funai] manifestar o seu interesse no encerramento do processo de demarcação de terras indígenas Tupinambá de Olivença, localizadas especialmente nos municípios de Una e Ilhéus, Estado da Bahia. (...) Rogamos o fundamental e imprescindível apoio para a viabilização deste importante polo turístico”, declara a Embratur.
O instituto argumenta no documento que a Vila Galé pretende "viabilizar a construção de dois empreendimentos hoteleiros, do tipo resort, com 1040 leitos, no estado da Bahia", assim como pretende dar "uma ampla divulgação do Brasil em Portugal e na Europa, através do empreendimento voltado para turistas estrangeiros".
O governo do Estado da Bahia e a Prefeitura Municipal de Una assinaram com o Grupo Vila Galé um protocolo de intenções para um investimento superior a 200 milhões de reais (cerca de 45 milhões de euros), gerando mais de 500 empregos diretos e 1.500 indiretos, acrescentou a Embratur.
O “The Intercept” escreve que “é a primeira vez, pelo menos desde a Constituição de 1988, que um órgão federal faz 'lobby' sobre outro – e o registra num documento oficial do Governo – para entregar à iniciativa privada uma área indígena, também ela registrada num documento oficial do executivo”.
A área em questão encontra-se no Sul da Bahia, próximo de Una e Ilhéus, um espaço com 470 km² que o povo Tupinambá de Olivença pretende que seja demarcado, numa luta que trava há pelo menos 15 anos, e cuja primeira fase do processo foi concluída em 2009.
A região ocupada pelos Tupinambá de Olivença é lar de 4.600 indígenas, marisqueriso e pescadores artesanais, segundo o “The Intercept”, que indica existirem registros de que vivem no local há mais de 300 anos.
O portal acrescenta que há muito tempo que a área em questão é “alvo de cobiça e palco de conflitos devido ao seu alto potencial turístico e econômico: está a poucos quilómetros das paradisíacas praias de areia branca de Ilhéus, e é rodeada por plantações de cacau destinado à exportação”.
Questionado pelo “The Intercept”, a Embratur respondeu que "não tem competência para interromper a demarcação de terras indígenas", argumentando que o documento em causa "apenas solicita a revisão do processo de maneira a garantir a segurança jurídica e estimular o desenvolvimento do turismo na região citada".
O The Intercept informou que tentou também obter um comentário do Vila Galé, mas o grupo não se quis pronunciar sobre o assunto.
A Vila Galé é um dos principais grupos hoteleiros portugueses, com 34 unidades hoteleiras, incluindo 25 em Portugal, e nove no Brasil.
Fonte: PressTur - Hotelaria
“A Embratur vem à presença de vossa Senhoria [Marcelo Augusto Xavier, presidente da Funai] manifestar o seu interesse no encerramento do processo de demarcação de terras indígenas Tupinambá de Olivença, localizadas especialmente nos municípios de Una e Ilhéus, Estado da Bahia. (...) Rogamos o fundamental e imprescindível apoio para a viabilização deste importante polo turístico”, declara a Embratur.
O instituto argumenta no documento que a Vila Galé pretende "viabilizar a construção de dois empreendimentos hoteleiros, do tipo resort, com 1040 leitos, no estado da Bahia", assim como pretende dar "uma ampla divulgação do Brasil em Portugal e na Europa, através do empreendimento voltado para turistas estrangeiros".
O governo do Estado da Bahia e a Prefeitura Municipal de Una assinaram com o Grupo Vila Galé um protocolo de intenções para um investimento superior a 200 milhões de reais (cerca de 45 milhões de euros), gerando mais de 500 empregos diretos e 1.500 indiretos, acrescentou a Embratur.
O “The Intercept” escreve que “é a primeira vez, pelo menos desde a Constituição de 1988, que um órgão federal faz 'lobby' sobre outro – e o registra num documento oficial do Governo – para entregar à iniciativa privada uma área indígena, também ela registrada num documento oficial do executivo”.
A área em questão encontra-se no Sul da Bahia, próximo de Una e Ilhéus, um espaço com 470 km² que o povo Tupinambá de Olivença pretende que seja demarcado, numa luta que trava há pelo menos 15 anos, e cuja primeira fase do processo foi concluída em 2009.
A região ocupada pelos Tupinambá de Olivença é lar de 4.600 indígenas, marisqueriso e pescadores artesanais, segundo o “The Intercept”, que indica existirem registros de que vivem no local há mais de 300 anos.
O portal acrescenta que há muito tempo que a área em questão é “alvo de cobiça e palco de conflitos devido ao seu alto potencial turístico e econômico: está a poucos quilómetros das paradisíacas praias de areia branca de Ilhéus, e é rodeada por plantações de cacau destinado à exportação”.
Questionado pelo “The Intercept”, a Embratur respondeu que "não tem competência para interromper a demarcação de terras indígenas", argumentando que o documento em causa "apenas solicita a revisão do processo de maneira a garantir a segurança jurídica e estimular o desenvolvimento do turismo na região citada".
O The Intercept informou que tentou também obter um comentário do Vila Galé, mas o grupo não se quis pronunciar sobre o assunto.
A Vila Galé é um dos principais grupos hoteleiros portugueses, com 34 unidades hoteleiras, incluindo 25 em Portugal, e nove no Brasil.
Fonte: PressTur - Hotelaria