Genebra - A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA - International Air Transport Association) anunciou os dados sobre o tráfego de passageiros de março de 2022. Segundo o relatório, continua a recuperação das viagens aéreas. Os impactos do conflito na Ucrânia na demanda por viagens aéreas foram limitados em geral, enquanto os efeitos relacionados à variante Ômicron continuaram confinados em grande parte aos mercados domésticos da Ásia.
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A demanda total por viagens aéreas (medida em passageiro pagante-quilômetro ou RPK´s) subiu 76,0% em março de 2022 em relação a março de 2021. Embora tenha sido inferior ao aumento de 115,9% na demanda de fevereiro em relação ao ano anterior, os volumes em março foram os mais próximos dos níveis pré-pandemia de 2019, 41% abaixo do valor registrado em março de 2019.
O tráfego doméstico de março de 2022 aumentou 11,7% em relação ao mesmo período do ano passado, muito abaixo do aumento de 59,4% registrado em fevereiro de 2022 em relação a fevereiro de 2021. Esse resultado se deve em grande parte aos fechamentos relacionados à variante Ômicron na China. Os RPK´s domésticos de março caíram 23,2% em relação a março de 2019.
Os RPK´s internacionais aumentaram 285,3% em relação a março de 2021, acima do aumento de 259,2% registrado em fevereiro de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior. A maioria das regiões melhorou seu desempenho em relação ao mês anterior, com as transportadoras da Europa liderando neste aspecto em março de 2022. Os RPK´s internacionais de março de 2022 caíram 51,9% em comparação com o mesmo mês de 2019.
“Com as barreiras de viagem caindo na maioria dos lugares, estamos finalmente vendo o aumento há muito tempo esperado na demanda. Infelizmente, também vemos longos atrasos em muitos aeroportos com recursos insuficientes para lidar com os números crescentes de passageiros. Isso deve ser resolvido com urgência para evitar a frustração do entusiasmo do consumidor por viagens aéreas”, disse Willie Walsh, Diretor Geral, IATA.
Mercados Internacionais De Transporte Aéreo De Passageiros
As companhias aéreas da Europa continuaram liderando a recuperação, com o tráfego de março subindo 425,4% em relação a março de 2021, acima do aumento de 384,6% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021. O impacto da guerra na Ucrânia foi relativamente limitado fora do tráfego de/para Rússia e países vizinhos do conflito. A capacidade aumentou 224,5% e a taxa de ocupação subiu 27,8 pontos percentuais, atingindo 72,7%.
As companhias aéreas da região Ásia-Pacífico apresentaram aumento de 197,1% no tráfego em março de 2022 em relação a março de 2021, resultado acima do aumento de 146,5% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021. Enquanto a China e o Japão permanecem com restrições a visitantes estrangeiros, outros países estão mais flexíveis, incluindo a Coréia do Sul, Nova Zelândia, Cingapura e Tailândia. A capacidade aumentou 70,7% e a taxa de ocupação aumentou 24,1 pontos percentuais, atingindo 56,6%, a menor entre as regiões.
As companhias aéreas do Oriente Médio apresentaram aumento de 245,8% no tráfego em março de 2022 em relação a março de 2021, resultado acima do aumento de 218,2% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021. A capacidade aumentou 96,6% em março em relação ao mesmo mês do ano anterior e a taxa de ocupação subiu 31,1 pontos percentuais, atingindo 72,1%.
As companhias aéreas da América do Norte apresentaram aumento de 227,8% no tráfego em março de 2022 em relação a março de 2021, um pouco abaixo do aumento de 237,3% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021. A capacidade aumentou 91,9% e a taxa de ocupação subiu 31,2 pontos percentuais, atingindo 75,4%.
As companhias aéreas da América Latina apresentaram aumento de 239,9% no tráfego em março de 2022 em relação a março de 2021, um pouco abaixo do aumento de 241,9% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021. A região se beneficiou com o fim dos processos de falência de algumas das principais transportadoras locais. A capacidade de março aumentou 173,2% e a taxa de ocupação aumentou 15,8 pontos percentuais, atingindo 80,3%, a maior taxa de ocupação entre as regiões pelo 18º mês consecutivo.
As companhias aéreas da África apresentaram aumento de 91,8% na demanda por viagens internacionais em março de 2022 em relação a março de 2021, uma melhoria em relação ao aumento de 70,8% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021. Desafios como as baixas taxas de vacinação no continente e impactos do aumento da inflação afetam a demanda por viagens aéreas na região. A capacidade de março de 2022 aumentou 49,9% e a taxa de ocupação subiu 14,1 pontos percentuais, atingindo 64,5%.
Mercados Domésticos De Transporte Aéreo De Passageiros
O tráfego doméstico da China diminuiu 59,1% em março de 2022 em comparação com março de 2021, que foi uma grande mudança em comparação com o crescimento de 32,8% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021. Isso ocorreu devido aos drásticos fechamentos e restrições de viagem após a disseminação da variante Ômicron no país.
A demanda por viagens domésticas da Índia cresceu 32,3% em março de 2022 em comparação com março de 2021, uma mudança significativa em relação ao declínio de 2,4% registrado em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2021.
2022 Versus 2019
O forte crescimento em março na maioria dos indicadores em comparação com um ano atrás está ajudando a demanda de passageiros a alcançar os níveis de 2019. Os RPK´s totais caíram 41,3% em março de 2022 em relação a março de 2019, uma melhoria em relação à queda de 45,5% registrada em fevereiro de 2022 versus fevereiro de 2019. A recuperação doméstica continua superando a recuperação internacional, apesar do recuo na China.
Conclusão
“A recuperação contínua das viagens aéreas é uma excelente notícia para a economia global, para os amigos e famílias cujas separações forçadas estão chegando ao fim, e para milhões de pessoas que dependem do transporte aéreo para sua subsistência. Infelizmente, algumas ações governamentais estão surgindo como obstáculos à recuperação, como vimos mais dramaticamente na Holanda.
O aeroporto de Schiphol foi autorizado pela autoridade reguladora do país a cobrar das companhias aéreas e dos consumidores um aumento de 37% nas taxas aeroportuárias nos próximos três anos para compensar as perdas causadas pela COVID-19. Além disso, o aeroporto pediu às companhias aéreas que cancelassem reservas e novas vendas esta semana, causando uma grande inconveniência para os passageiros, alegando falta de pessoal no aeroporto, incluindo funções de segurança fornecidas pelo governo. E o próprio governo está planejando aumentar as taxas de embarque em 400 milhões de euros anualmente com o objetivo declarado de desencorajar as viagens.
O fato de o governo holandês trabalhar para desfazer a conectividade, deixar de fornecer recursos operacionais fundamentais para o aeroporto e permitir taxas abusivas cobradas pelo aeroporto é um golpe triplo destrutivo. Essas ações custarão empregos e vão prejudicar os consumidores que já lutam com a inflação. Além disso, esgotarão os recursos necessários para que as companhias aéreas realizem o seu compromisso de sustentabilidade de zero emissão até 2050. O governo holandês esqueceu uma lição importante da crise da COVID-19 -- a qualidade de vida de todos sofre sem uma conectividade aérea eficiente. O governo deve reverter a sua decisão, e os outros países não devem seguir esse exemplo terrível. Para garantir a recuperação e seus benefícios econômicos e sociais, a prioridade imediata é que os governos façam planos para atender à demanda esperada neste verão no Hemisfério Norte. Muitas pessoas esperaram dois anos pelas férias de verão, que não devem ser arruinadas por falta de preparo”, disse Walsh.