Palestrantes da Agência e do Ministério do Turismo sensibilizaram gestores públicos e privados sobre como atender essa fatia do setor pouco vista, mas com poder de consumo
Como governos e empresas privadas podem aproveitar as oportunidades que o turismo de negócios traz para os destinos? Essa foi a pergunta que a Gerente de Turismo de Reuniões, Incentivos e Negócios Internacionais, Embratur, Vaniza Schuler, e a Coordenadora-Geral de Fomento a Eventos Turísticos, Ministério do Turismo, Maria Fernanda Melis, responderam durante o painel Turismo de Negócios e Eventos, na tarde do primeiro dia da 7ª edição do Salão Nacional do Turismo, na Arena BRB Mané Garrincha, área central de Brasília, nesta sexta-feira (15).
Palestra no Salão Nacional do Turismo abordou oportunidades do turismo de negócios no Brasil. (MTur © Pedro França) |
As palestrantes destacaram, em suas apresentações, que o turismo de negócios é o que movimenta o maior número de visitantes e de dinheiro, embora muitas vezes passe despercebido para o trade turístico, e deram dicas de como aproveitar essas movimentações. A Embratur é parceira do Ministério do Turismo no encontro que é a maior vitrine turística do Brasil, com a presença de empresas do trade nacional e representantes governamentais. O evento segue até amanhã, domingo (17).
Vaniza e Melis explicaram aos presentes que o turismo de negócios e eventos compreende os turistas que se deslocam por motivos profissionais ou de propósito. No primeiro caso, são pessoas que viajam para participar de encontros como reuniões, negociações ou prospecção de clientes, por exemplo. No segundo, são turistas que vão para um evento que consideram uma necessidade. Em ambos os casos, os acontecimentos que motivaram as viagens acontecem dentro de um prazo específico e com uma agenda já determinada.
“As viagens de negócios podem provocar fluxos numerosos para uma determinada região empresarial. Também o fluxo pode ser determinado por um encontro corporativo, associativo, uma atividade esportiva, por exemplo. É uma modalidade de turismo que tem por trás, geralmente, um CNPJ envolvido, e que traz consigo, muitas vezes, a necessidade de garantir uma imagem, uma reputação. Então, as pessoas vão ficar em hotéis mais caros e procurar bons restaurantes. E terão tempo para visitar outros destinos entre agendas, pode ser à noite, pela manhã ou em espaços curtos entre compromissos durante a tarde”, explicou Vaniza.
A Coordenadora-Geral de Fomento a Eventos Turísticos, Ministério do Turismo, por sua vez, lembrou que, muitas vezes, esses turistas chegam à noite nos destinos, ou saem tarde de seus encontros e têm dificuldade, até, de encontrar locais para comer. “Faltam ofertas de lazer ou alimentação. A gente chega tarde da noite e não tem onde comer. Faltam opções de parceria. É uma oportunidade que se perde de marcar o turista, que poderia voltar com a família”, alertou.
Outro tópico destacado pelas palestrantes é que esses turistas normalmente não são percebidos porque atuam em horário comercial e estão vestidos para o trabalho e não para um passeio descontraído. Isso faz com que governos e empresas de turismo diversas não adotem as medidas necessárias para manter esses produtos acessíveis nos horários de disponibilidade desses visitantes. “A Pesquisa de Viagens Corporativas da Alagev de 2022 mostra que mais de 60% das empresas pesquisadas já tinham colocado o bleisure [business e leisure] na sua política de viagem”, destacou Vaniza.
Nesse caso, a dica é que no primeiro contato com o futuro hóspede, o funcionário do hotel avise de uma programação cultural e ofereça possibilidades para que o turista prolongue a viagem pelo fim de semana, por exemplo. “Ao não fazer isso, o trade perde esse turista. Deixa de fidelizá-lo”, completou Maria Fernanda Melis.
O importante, Vaniza e Melis lembraram, é que os gestores públicos e privados se sensibilizem para essas novas oportunidades de negócios que envolvem “pessoas com desejo, dinheiro, tempo, mas que não têm os serviços turísticos para consumo adaptados para suas disponibilidades”. É um dos melhores turistas e, muitas vezes, a oferta necessária já existe no destino, o que você precisa é simplesmente adaptar e adequar o serviço a esse turista”, recomendou a Gerente, Embratur.
Coordenadora Regional do Vale Germânico, região que abarca 14 municípios no Rio Grande do Sul, Michele Recktenwald destacou que o vale recebe muitos eventos de turismo de negócio e a palestra trouxe novos conhecimentos. “A palestra me agregou em vários sentidos, desde trabalhar com organizadores do evento em horários, trabalhar nosso calendário regional de eventos com organizadores e talvez fazer contatos antecipados com as pessoas cadastradas nesses eventos mostrando o que a região tem, para que estendam a estadia, e até levem a família para aproveitarem nossa região, que é muito rica em turismo rural e de natureza, por exemplo”, disse.