Com mais de 844 mil cruzeiristas embarcados, o período registrou recorde tanto em número de viajantes quanto em geração de empregos, fortalecendo toda a cadeia do turismo
Segundo o Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil – Temporada 2023/2024, produzido pela CLIA Brasil (Cruise Line International Association) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), cada R$ 1 investido pelo setor movimentou R$ 4,22 na economia nacional. O estudo, lançado no 6º Fórum CLIA Brasil 2024, realizado em Brasília em 28 de agosto, traz dados inéditos sobre o setor no Brasil e globalmente, além de analisar como o cenário econômico afeta o comportamento dos turistas.
(© Agência Guanabara) |
Apesar de desafios que limitam a competitividade do Brasil em relação a outros mercados, a temporada 2023/2024 destacou o vigor da indústria de cruzeiros, batendo recordes em diversas áreas. Foram nove navios operando em 19 destinos no Brasil e América do Sul, com um expressivo aumento no número de viajantes em comparação à temporada anterior (2021/2022), totalizando 844.462 cruzeiristas.
A temporada também registrou o maior impacto econômico da série histórica, injetando mais de R$ 5,2 bilhões na economia brasileira. Esse montante abrange gastos diretos, indiretos e induzidos, como os R$ 2,8 bilhões gerados pelas companhias marítimas (principalmente com combustíveis) e os R$ 2,4 bilhões provenientes dos cruzeiristas e tripulantes nas cidades e portos de embarque, desembarque e trânsito. Além disso, o setor gerou R$ 556,9 milhões em tributos, nas esferas federal, estadual e municipal.
A temporada gerou 80.311 postos de trabalho, 0,9% a mais que na temporada anterior. Destes, 1.572 foram de tripulantes e 78.739 postos foram gerados diretamente, indiretamente ou de forma induzida pelos gastos do setor e de seus clientes, envolvendo desde cidades portuárias até a cadeia produtiva de apoio, como agências de viagens e operadoras de turismo.
O gasto médio por pessoa com a compra da viagem foi de R$ 5.268,65, com uma média de 4,7 dias de viagem. Em cidades de escala, cada cruzeirista gerou um impacto econômico médio de R$ 668,91, enquanto nas cidades de embarque e desembarque esse valor foi de R$ 877,01.
Perfil do Viajante
Quase 92% dos entrevistados pretendem realizar uma nova viagem de cruzeiro, e 87% afirmam querer retornar a destinos visitados durante a viagem. Além disso, 78% dos passageiros desembarcaram em pelo menos uma parada do roteiro. Em termos de frequência, 66,1% realizavam sua primeira viagem de cruzeiro, enquanto os 33,9% restantes já haviam viajado anteriormente, com média de quatro viagens.
Entre os destinos preferidos no Brasil, 66,2% citaram o Litoral Nordeste. Para cruzeiros internacionais, 41,8% preferem o Caribe e 36,8% a Europa. No que diz respeito ao perfil demográfico, 60,8% dos cruzeiristas são mulheres e 61,4% são casados ou vivem em união estável. A maioria viaja acompanhada (98,9%), principalmente por filhos e parentes (51,9%), cônjuges (24,7%) e amigos (19,5%).
Brasileiros pelo Mundo
O número de turistas residentes no Brasil que realizaram viagens de cruzeiros no exterior durante o ano de 2023 foi de 173,4 mil, o que significou um aumento de 130% em relação a 2022, com uma receita estimada de R$ 906,9 milhões (R$353 milhões a mais que em 2022).
Mediterrâneo e Caribe foram os principais destinos de preferência para os brasileiros que viajam para fora do país para realizarem cruzeiros marítimos.
Cenário Global e Sustentabilidade
Em 2023, a indústria de cruzeiros atingiu 31,7 milhões de passageiros mundialmente, um crescimento de 7% em relação a 2019. Até 2027, a expectativa é alcançar 40 milhões de cruzeiristas por ano. A frota global, composta por aproximadamente 300 navios, deve expandir sua capacidade, com 63 novos navios e 150 mil leitos adicionais até 2036, com investimento de 48 bilhões de dólares.
A sustentabilidade segue como prioridade no setor, com iniciativas que vão além das regulamentações locais e internacionais. A indústria se comprometeu a reduzir em 40% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e a zerá-las até 2050, com ações que estão progredindo muito por meio de grandes investimentos em práticas ambientais, novos combustíveis, novas tecnologias, infraestrutura e eficiência operacional.
"Com mais leitos, roteiros diversificados e eficiência operacional recorde, a temporada 2023/2024 destacou a força do setor no Brasil", afirma Marco Ferraz, Presidente, CLIA Brasil. "Entretanto, esta temporada também foi recordista em custos operacionais, com os maiores valores proporcionais de todos os tempos, e pode fazer o país perder os navios que estão por aqui e, também, não atrair novos. Por isso, precisamos tornar o Brasil mais competitivo e buscar melhorias em temas como infraestrutura, custos, segurança pública, regulação e desenvolvimento de novos destinos, além de estarmos preparados para receber os novos navios, não apenas os maiores, mas também os mais tecnológicos e sustentáveis", conclui.
Para mais detalhes, acesse o estudo completo: https://abremar.com.br/estudos-e-dados-do-setor/.